Não é fácil falar de João César Monteiro... amado e odiado, para mim, talvez, pelo menos, o mais louco diretor português de sempre. Os cigarros não deixaram que vivesse mais do que até 2003, mas na sua obra, polémica e dificilmente classificável, quer como ator, escritor e diretor, encontramos sempre o lirismo, em forma de poema, de antropologia social, e muito humor satírico, mordaz e recalcitrante... que tem sido objecto de estudo para portugueses e estrangeiros, críticos e académicos. Irreverente e imprevisível, olhar aguçado sobre a sociedade portuguesa, notoriamente influenciado por Murnau, as clássicas comédias portuguesas e pela Novelle Vague dos Cahiers, justificou sua ausência de estudos universitários por "A escola é a retrete (privada) cultural do opressor" e no fim da vida disse "que se vão todos FODER"... Seu alter-ego, João de Deus, nesse filme, é um indivíduo de meia-idade, um pobre diabo, vive no quarto de uma pensão barata na zona velha e ribeirinha da cidade. Doente, e por vicissitudes várias, o idiota alimenta-se de Shubert e de uma vaga cinéfila que cultiva como forma de resistência à miséria. É posto no olho da rua, depois de um "precalço".. Privado de quaisquer recursos, sozinho, vê-se confrontado com a dureza da vida urbana e... Será este o seu filme mais equilibrado e bem conseguido. Foi premiado com o Leão de Prata em Veneza. E presente em Cannes. Legendado para ajudar a entender a pronúncia. Espero que gostem.
Título Original: Recordações da Casa Amarela
Ano de Lançamento: 1989
Direção: João César Monteiro
País de Produção: Portugal
Idioma: Português
Duração: 118 min.
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