Após uma série de tentativas de reconciliação, iniciativas essas tomadas por amigos da família, irmãos e servos (seguidas de tempos conturbados por brigas e desentendimentos); Dmitri Fiodórovitch Karamázov (Mikhail Ulyanov) acaba se tornando o principal suspeito de matar o próprio pai, Fiódor Pavlóvitch Karamázov (Mark Prudkin). Primogênito, do meio e caçula – Dmitri, Ivan (Kirill Lavrov) e Aliócha (Andrey Myagkov) – Iniquidade, Racionalidade e Santidade; dos três, nenhum é filho da mesma mãe: irmãos somente pela iniciativa paterna. Respectivamente: um de paixões intensas e descontroladas, incapaz de receber qualquer centelha de amor em plenitude, vivendo desesperado por sorver cada lufada de vida que apareça; outro perdido entre as angústias dos muros impostos pela solidão do livre-pensamento, da filosofia e dos novos tempos que sempre estão a se anunciarem; e um que, pela via da piedade e do perdão, busca a transcendentalidade frente à contundente vileza que se espraia silenciosa por toda quina de parede em que a escuridão deita suas sombras bruscas e mundanas. Baseado no último livro terminado (e tido como uma das obras-primas) de Fiódor M. Dostoiévski. Indicado ao 42º Oscars (1970), como Melhor Filme Estrangeiro (perdeu para Z, de Costa-Gavras). Ivan Pyrev, diretor nas duas primeiras partes, morreu entre a finalização da segunda e da terceira (terminadas à posteriori por K. Lavrov e M. Ulyanov). I. Pyrev casado à época com a atriz Lionella Pyryeva, que na produção interpretou Gruchenka (nela, a expressão inesquecível da pureza feminina no vigor da paixão e do amor). Obra que (tanto na adaptação, quanto no original literário) desvela as facetas da cegueira crônica da justiça, as incapacidades em tratar com os companheiros de consanguinidade, as batalhas internas por que passa o homem na busca da verdade em que pensa crer, os muros da ignorância erigidos ante qualquer prenúncio de esperança, os valores e consequências (sócio-filosófico-morais) da aplicação do ascetismo, o abismo da loucura como única reação possível frente ao inevitável que a vida impõe. Essas e muitas outras discussões são apenas (e nada mais que): Irmãos Karamázov. Lá, também permeia o paradoxo/questionamento/axioma inquietante porque inesquecível (e vice-versa): Se Deus não existe, tudo é permitido. E nem sequer o suficiente ainda foi dito sobre os Karamázov...
Ano de Lançamento: 1969
Direção: Ivan Pyrev, Kirill Lavrov, Mikhail Ulyanov
País de Produção: União Soviética
Idioma: Russo
Duração: 218 min.
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